quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Para investir com estilo

Basta pensar em investir e logo surgem diversas perguntas como com que objetivo, por quanto tempo, qual o montante disponível e qual a tolerância ao risco? Não importam as respostas. Há opções que atendem a cada perfil e demanda. Especialistas ensinam como conjugar essas questões e sofisticar suas aplicações, tornando-se um investidor cada vez mais arrojado e não apenas um poupador. Um dos recursos para fazer a opção mais adequada para o seu bolso ainda é ter a calculadora em punho ou colocar na ponta do lápis a relação custo x rentabilidade do produto escolhido. Se a disponibilidade financeira é pouca, atenção para as taxas de administração; se a disponibilidade é maior, maior o poder de negociação. A consultora de investimentos Sandra Blanco dá sugestões para dois grupos: um formado por investidores com disponibilidade até R$ 50 mil e outro com disponibilidade acima de R$ 50 mil. Em sua opinião, quem dispõe de um pequeno montante pode aplicá -lo todo na renda fixa ou parte em renda variável, dependendo do perfil. "O investidor pode direcionar todo o montante para uma caderneta de poupança ou, ainda, pode conciliar o investimento de renda fixa com parte na renda variável, como um fundo de ações, um clube de investimentos ou uma carteira própria de ações. Se estamos falando de um perfil conservador, o percentual da renda variável deve ser de 10%; se moderado, cerca de 30%; ou se agressivo, até 60% do montante", sugere Sandra, que é autora de "A Bolsa para Mulheres" (Ed. Campus-Elsevier). diversificação. Para quem dispõe de valores mais expressivos, a especialista mantém os mesmos percentuais de investimento em renda variável e indica que pelo menos R$ 50 mil sejam direcionados à renda fixa, mas amplia as opções para CDB ou um fundo de renda fixa, além da poupança. Ao considerar os perfis, a autora despreza a relação que aponta que a idade é inversamente proporcional à afeição ao risco . "Tenho muitos clientes jovens e extremamente conservadores! , ao mes mo tempo em que tenho uma cliente de 70 anos muito agressiva em suas escolhas", conta. Ela justifica esse padrão de comportamento com o maior conhecimento de alguns investidores mais velhos, não raro, associado a uma maior estabilidade financeira, o que permite uma maior tolerância ao risco. Em contrapartida, alguns jovens ainda se mostram menos experientes e mais receosos em arriscar o que têm. Exceções à parte, alguns analistas ainda acreditam que a relação exposição ao risco x idade ainda se aplica para muitos, mas admitem: o acesso a informação é o grande diferencial na hora de escolher. "Se você é jovem, solteiro, pode tomar mais risco. Mas se não conhece o mercado, a idade não faz diferença, o melhor é estudar mais e, até lá, manter tudo na renda fixa. Sem conhecimento, a Bolsa se torna um cassino para o investidor", adverte o analista de finanças comportamentais Daniel Yabe Milanez, da IGC Partners Assessoria em Fusões e Aquisições. Ele lembra ainda que, mais do que escolher produtos dentro da sua faixa de investimento, a partir de um determinado valor, é o mercado quem parece escolher o investidor. "Há produtos que só são acessíveis a partir de um nível de recursos. Se você quiser aderir a um hedge fund, deve ter pelo menos de R$ 50 mil a R$ 100 mil. Só se pode participar de alguns fundos de ações a partir dos R$ 300 mil ou R$ 500 mil. Certos títulos de renda fixa, como certificados imobiliários, podem ser adquiridos com pelo menos R$ 500 mil. E para se tornar cliente de uma área especial de um banco, é melhor ter R$ 1 milhão." parâmetros. Além do montante disponível, outro importante parâmetro a ser conhecido é: em quanto tempo você vai precisar desse dinheiro? É o que questiona o consultor Hugo Daniel de Azevedo, autor de "500 perguntas (e respostas) básicas sobre finanças" (Ed. Campus-Elsevier), e orienta quanto aos procedimentos para alguns intervalos, como resgate em um mês, de um a seis meses, de seis meses a dois anos e acima de dois anos. Para o primeir! o caso, atento às incertezas dos juros no curtíssimo prazo, ele sugere aplicações diretas em CDI, seja por meio de LFT do Tesouro Direto, seja pelo CDB de 30 dias. "Para quem pretende investir de um a seis meses, a aplicação deve ter títulos pós-fixados em inflação e um pequeno percentual em ações. Entre seis meses e dois anos, o investidor pode continuar com a mesma composição, apenas aumentando a participação das ações, atento se as empresas são boas pagadoras de dividendos", explica Azevedo. Considerando o intervalo acima dos dois anos, o especialista sugere que se invista mesmo é no crescimento do País, enfim, que se aplique praticamente todos os recursos em ações. "O ideal é a renda variável associada a investimentos em derivativos, o que pode ser um fundo de investimentos de capital protegido ou uma nota estruturada com risco de crédito de um banco privado brasileiro", conclui. Se estabelecer um intervalo é abstrato demais para o investidor, que tal dar-lhe nome, forma, cor ou destino. É o que ensina o consultor financeiro Reinaldo Domingos, autor de "Terapia Financeira" (Ed. Elevação). Para isso, o primeiro passo é se perguntar quais são os seus objetivos, enfim, para que está guardando esse dinheiro: para realizar um sonho de consumo, como uma tv de plasma; para um planejamento de médio prazo, como uma viagem, um curso, uma festa; ou para garantir a estabilidade e comprar um imóvel ou contratar um plano de aposentadoria? Quando o investimento se destina a um consumo mais imediato, até nove meses, Domingos indica um fundo de investimento simples, uma poupança, o CDB ou um fundo DI. Enfim, em vez de comprar e adquirir uma dívida parcelada, ele sugere o investimento para a aquisição à vista, e lembra que, com essa modalidade de pagamento, o investidor ainda pode negociar descontos. "Assim, o investidor ganha duas vezes", ensina. Já se o plano é de uma viagem, um curso ou uma grande festa, o consultor lembr a que quanto maior o prazo do investimento, menor deve ser a! taxa de administração, e que o investidor deve estar atento a essas vantagens. Para o médio prazo, além de CDB ou DI, ele sugere a Bolsa como recurso para o médio prazo, considerando papéis muito negociados, de alta liquidez, enfim, ações de primeira linha como Petrobras, CSN ou outras que componham o índice Bovespa. "É importante também a ajuda de um especialista. A Bolsa só se torna arriscada para quem arrisca muito", adverte. Para o terceiro caso, investimentos de longo prazo para quem pretende realizar o sonho da casa própria ou garantir a aposentadoria, Domingos indica investir em planos de previdência privada - ou pelo menos direcionar metade dos recursos para o produto -, lembrando que é possível solicitar a transferência de sua aplicação para instituições com maior rentabilidade. "Quanto maior o valor aplicado, maior a capacidade de negociação tanto na taxa de administração quanto na taxa de carregamento, para os casos de transferência."

Fonte: ANDRÉIA GOMES DURÃO - Jornal do Commercio.

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